No meu trabalho, sempre adotamos a cultura remota, o que nos proporcionava a liberdade de passar alguns dias da semana no escritório e outros trabalhando em casa. Essa flexibilidade sempre trouxe conforto e bem-estar.
Quando o lockdown foi implementado, adaptar-se à nova rotina em casa foi relativamente fácil, e por um bom tempo, sentimos um grande alívio, uma sensação de proteção e privilégio.
No entanto, o perigo foi se instalando silenciosamente, sem que percebêssemos. Não notamos mais quantas horas por dia estávamos trabalhando, se nossas configurações de trabalho eram ergonômicas o suficiente para nossa anatomia, ou quantas horas passávamos em frente ao computador.
Outro grande desafio que surgiu foi a comunicação. Em tempos de celulares, abreviações, emojis e relações superficiais, tornou-se mais difícil transmitir mensagens por escrito. Muitas vezes, as pessoas não sabem interpretar textos, praticam leitura dinâmica e, consequentemente, é crucial estar em constantes chamadas ou envolvido em intermináveis threads de conversa para conseguir expressar ou fazer com que os outros entendam a mensagem passada.
Além disso, essa constante conexão com o trabalho pode gerar ansiedade e estresse, afetando negativamente nossa saúde mental. É crucial estabelecer limites claros entre o trabalho e o lazer, definindo horários fixos e criando espaços físicos destinados exclusivamente às atividades profissionais.
Antes, tínhamos o tempo de deslocamento como um momento para fazer o download da vida cotidiana do trabalho. Sim, o trânsito era ruim, mas era uma forma de desconectar. Eu costumava sair para o happy hour, encontrar pessoas e ter conversas reais, fora do ambiente virtual.
Durante a pandemia, trabalhei como nunca antes. Dediquei-me intensamente, entreguei muito, mergulhei de corpo e alma. Em parte, porque não havia muitas outras coisas para fazer e também por gratidão por estar segura em um período tão difícil para o mundo, quando muitas pessoas perderam seus empregos.
No entanto, depois que tudo passou, a conta chegou. Desenvolvi fobia de multidões, preguiça de sair de casa, ansiedade extrema, gastrite crônica e tendinites em várias partes do corpo. Minha vitalidade diminuiu. Antes, frequentava a academia regularmente, mas agora é mais difícil para mim sair de casa e retomar uma rotina que sempre fez parte da minha vida. Estou reaprendendo quase tudo.
Eu sempre pensei que faria mil coisas durante a pandemia: ler 100 livros, talvez até escrever um, fazer uma série de cursos. Mas essa foi a grande mentira do home office que ninguém nos contou. A pressão absurda para produzir foi o golpe certeiro em todos os Burnouts da vida!
Os pontos positivos dessa experiência foram, sem dúvida, o próprio home office, quando utilizado de maneira equilibrada, e o valor que passamos a atribuir às relações reais. Conversas difíceis, olho no olho, risadas, café, brainstormings não planejados, a leitura corporal, vestir roupas bonitas, movimentar o corpo e a saudade de casa.
É fundamental que as empresas estejam cientes dessas questões e busquem maneiras de apoiar seus colaboradores durante esse período de transição. Oferecer programas de bem-estar mental, promover a interação social entre os funcionários e incentivar a busca por atividades criativas são algumas iniciativas que podem ser adotadas.
Gostaria de saber a opinião de vocês sobre esse assunto. Como vocês têm lidado com a ansiedade no home office? Compartilhem suas experiências nos comentários!